[4 Estações] Capítulo II ~Primavera~


  
Com o fim da história de Shinji e Sora entramos numa nova estação, Primavera.

Estação: Primavera
Personagens: Ísis & Haruo

Vamo-nos afastando aos poucos da florista e vendo as pessoas a passarem. Entre elas vemos a rapariga que passara antes por Shinji, mas agora com roupas de Primavera. Conforme Ísis, cerca de 20 anos, passa pela câmara esta segue-a pela rua durante algum tempo até que passamos por um tronco de uma árvore. Quando o passamos estamos em frente a uma casa algo grande e vemos Ísis a entrar pela porta.

Ela entra com cuidado, como se a casa não fosse dela. Fecha a porta cuidadosamente e entra para a sala devagar. Na sala está um rapaz também com cerca de 20 anos, Haruo, sentado ao piano a tocar. Quando se apercebe da presença de Ísis pára e fica a olhá-la meio confuso.

Ísis:
O meu nome é Ísis. Eu estou aqui para cuidar da casa.

Haruo olha para o piano, onde tem um pequeno bloco de notas. Abre-o e vemos escrito Ísis Takanami, cuida da casa… Gosto dela mas ela não sabe nem lhe posso dizer. Ìsis aproxima-se de Haruo e este fecha o bloco rapidamente mas tentando fazê-lo o mais natural possível. Quando esta se inclina sobre ele, notasse que Haruo começa a ficar meio desconfortável.

Ísis:
Estás a compor uma música nova? (olha para Haruo) Oh… Desculpa. Demasiado perto.

Haruo:
(sorrindo nervosamente) Não faz mal.

Estamos no exterior da casa, onde vemos cerejeiras em flor. Com uma leve rajada de vento algumas pétalas soltam-se e a câmara segue-as. No meio delas aparece em letras 4 Estações ~Primavera~.

Haruo está novamente a tocar piano meio concentrado. Ísis limpa o pó da sala. Quando está a mexer numas folhas elas caem e ela apanha-as do chão. Vemos que as folhas têm datas seguidas, por exemplo, uma diz 4 de Abril e a outra 5 de Abril por aí adiante.

Ísis:
Tens composto todos os dias.

Haruo:
Talvez.

Ísis aperta um pouco as folhas com força, como se quisesse dizer alguma coisa e não pudesse. Arruma as folhas no sítio e olha em volta a ver se está tudo limpo.

Ísis:
Bem, vou ao andar de cima arrumar os quartos.

Haruo assente afirmativamente com a cabeça sem parar de tocar. Ísis sai da sala e sobe umas escadas. Haruo pára de tocar, aponta o que estava a tocar num papel à sua frente e quando poisa o lápis vê o bloco de notas. Olha novamente para a porta durante alguns segundos e depois abre o bloco de notas lendo a mesma coisa que lera há algum tempo atrás. Poisa o bloco, fica alguns segundos parado, suspira e volta a tocar.

Vemos um dos quartos. Ísis está a fazer a cama. Quando está a arrumar umas das pontas de cima vê uma fotografia de Haruo numa das mesinhas de cabeceira. Suspira e quando vai a sair do quarto o telemóvel toca. Ela senta-se na cama e atende. Não vemos a outra pessoa, apenas ouvimos a sua voz.

Mari:
Ísis?

Ísis:
Oi Mari. Tudo bem?

Mari:
Tudo e contigo?

Ísis:
Vai-se andando.

Mari:
A malta está a pensar ir sair hoje à noite. Queres vir?

Ísis olha para o retrato de Haruo.

Mari:
Ísis? Estás aí?

Ísis:
(acorda) Ah… Sim estou. Obrigada pelo convite mas acho que vou ficar por aqui.

Mari:
Porque é que insistes em ficar aí o tempo todo? Ele nem se vai lembrar disso.

Ísis:
Eu sei… Mas não me sinto bem em deixá-lo sozinho.

Mari:
Ísis…  Não faças isso.

Ísis:
O quê?

Mari:
Apaixonares-te por esse tipo. Com o problema que ele tem… Só te vai fazer sofrer Ísis. Memória temporária é apenas isso mesmo… Temporária.

Ísis:
Não te preocupes… Ele nem se lembraria que eu era a namorada não é? (sorri tristemente).

Mari:
Ísis…

Ísis:
Até amanhã Mari. Obrigada pelo convite mas não me apetece mesmo ir.

Mari:
Tu é que sabes… Até amanhã. (desliga).

Ísis fecha o telemóvel e fica com ele nas mãos durante algum tempo. Depois levanta-se e volta ao andar de baixo ficando à porta da sala. Haruo estava a apontar qualquer coisa na folha até que se apercebe-se da presença dela. A primeira coisa que faz é ler novamente o bloco. Ísis vira-lhe as costas para entrar noutra divisão mas antes que pudesse dar um passo em frente…

Haruo:
Podes ir embora.

Ísis:
Hm?

Haruo:
Estás a perder aqui tempo. Vai embora.

Ísis:
Eu não vou a lado nenhum.

Haruo levanta-se com o bloco na mão e aproxima-se rapidamente de Ísis.

Haruo:
Vês isto? Cada vez que te vejo tenho de ler isto. De hora em hora aparece na minha sala alguém que eu não conheço… E a única memória que tenho está neste bloco. Não tem sentido estares aqui. Já vivi sozinho antes.

Ísis:
Eu já disse que não vou a lado nenhum! Eu gosto de estar aqui!

Haruo fica meio furioso mas ao mesmo tempo começa a ficar um pouco nervoso por estar tão perto de Ísis e acaba por lhe dar um beijo. Assustado, ele sai da sala e sobe as escadas. Ouve-se uma porta bater com força. Ísis está em choque. Olha para o chão e vê o bloco de notas. Ao apanhá-lo abre na página onde se lê a frase de há pouco.

Estamos no quarto de Haruo. Ele está junto à janela, triste, confuso. Ísis entra devagar.

Haruo:
(sem olhar para ela) Desculpa… Por favor… Vai embora daqui.

Ísis aproxima-se de Haruo… A respiração de ambos está descontrolada.. Ísis tenta beijá-lo mas ele desvia-se.

Haruo:
(ainda mais assustado) Que estás a fazer?

Ísis:
Eu quero tentar… (Haruo desvia o olhar). Haruo!

Haruo:
(fica furioso de repente) Daqui uma hora nem sequer vou saber que tivemos esta conversa!!

Ísis:
Ainda há dois minutos dizes-te que a única memória que tinhas estava nesse bloco… Embora não saibas está também nas composições que escreves… Apercebi-me disso há uns dias. Quando tens dias mais felizes as tuas músicas são alegres… E quando o dia é mau as músicas são mais melancólicas… Eu quero tentar Haruo!

Haruo:
Ísis… Vai embora…

Vemos lágrimas nos olhos de Ísis. Ela vira costas e começa a caminhar lentamente para fora do quarto. Assim que ela sai Haruo olha pela janela novamente, olha para a porta.

Quando ela sai pela porta de casa algo a impede de sair… Haruo. Ele abraça Ísis, esconde a cara no pescoço dela e começa a chorar. Ísis contem-se para não começar também a chorar.
  

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